"Hay hombres que luchan un dia y son buenos.
Hay otros que luchan un año y son mejores.
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos.
Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprescindibles."

Bertold Brecht

terça-feira, 7 de junho de 2016

A dor de perto sentir-se longe

Continua sempre livre,
de braços abertos a caminhar no sol...
de braços abertos a caminhar...
de braços abertos...
de braços...

O sorriso largo,
a vestimenta solta,
o sentimento livre
e a felicidade na ponta da língua.

Afinal, não é você: sou eu!

Meus olhos que te vêm,
desesperados pra te ter.
Meus ouvidos atentos
aos ruídos que teu coração faz.
Minha boca aberta,
sedenta de desejos ardentes.

Mas não faz mal,
você e eu distantes.
Melhor saudade assim,
que a dor de perto sentir-se longe.

Eu quis você

Eu, que sonhei com amores intensos,
sensações, emoções, toques e gestos.
Eu quis você aqui,
quis caminhar passo a passo contigo
te acompanhar.

Eu, que sempre sonhei em dois, em duo,
em par, tudo junto numa coisa só.
Quis aqui, militância, amor, tesão
cama, mesa e banho.

Eu, que sonhei,
quantas noites sonhei, só e em vão.
Quis você, não como posse,
mas como troca, construção...

Hoje vejo além, ilusão...
desde o primeiro sorriso,
a primeira dança, o primeiro som.

Vejo com meus olhos cegos,
com minha alma dura,
meus medos fracos...

O mesmo mundo que me fez sem cura,
te fez assim: só e sã.
Certa como uma seta no alvo...
certa e bem longe de mim.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Rio, sem achar graça!

No surreal que me permite a realidade, vou vivendo de nó e de brisa.

O pó - acumulo no tênis all star batido do tempo.
Nas pedras que piso e na lama que atolo
nos dias vividos e na estrada caminhada - são tantos quilômetros!
Ficam marcas, em mim e na estrada - porque o burro sempre vem na frente!

Sinto só o nó que aperta
a corrente que prende, a corda que amarra
o sol quente e a chuva rala
corto à faca, ou com papel a pele
rasgo no dente, ou na tesoura cega
sinto-me livre, mas a brisa acaba...

De volta enfim, na velha saga
de um anão barbudo, paladino sem luz,
de um rei sem casa, cidadão sem pátria...

A vida que outrora me matava,
hoje apenas me leva numa correnteza amarga,
de conhaque e cachaça...
Rio, sem achar graça.