No surreal que me permite a realidade, vou vivendo de nó e de brisa.
O pó - acumulo no tênis all star batido do tempo.
Nas pedras que piso e na lama que atolo
nos dias vividos e na estrada caminhada - são tantos quilômetros!
Ficam marcas, em mim e na estrada - porque o burro sempre vem na frente!
Sinto só o nó que aperta
a corrente que prende, a corda que amarra
o sol quente e a chuva rala
corto à faca, ou com papel a pele
rasgo no dente, ou na tesoura cega
sinto-me livre, mas a brisa acaba...
De volta enfim, na velha saga
de um anão barbudo, paladino sem luz,
de um rei sem casa, cidadão sem pátria...
A vida que outrora me matava,
hoje apenas me leva numa correnteza amarga,
de conhaque e cachaça...
Rio, sem achar graça.
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