Enquanto o meu corpo aqui de longe espera sentado nesse chão frio, seu corpo se deita na minha frente. Minha mente pavorosa imagina coisas, coisas alucinantes... a amargura e o sofrimento que pôde te levar a isso, imagino sua trágica história de vida.
O chão frio que me causa sensações estranhas, frio nas partes, me tomam estas e levam o frio até o fundo do peito. Meu trago de cigarro quente sai frio pela boca, e o gosto amargo do vento que entra poluído pelas minhas narinas que reclamam ao respirar.
Seu corpo ainda deitado junto as caixas, e seu ronco bêbado misturado com o som dos carros que passam na rua. Fico a imaginar que história seria essa que te levaria até ali, a se tornar o que se tornou, a peidir o que pedes para sobreviver - um trocado se não para o pão, para o gole de cachaça...
Esse som entra pelos meus ouvidos me causando náuseas, e a náusea se agrava quando meu pensamento se encontra com a miséria desse sono, ao relento, embaixo de lua ou sol e em cima do chão duro.
Esse sono dolorido que estampa nossa dura realidade...
Enfim meu ônibus chega, longe do vento frio da rua meu peito não esquenta, fica congelado como a imagem do nosso mundo moderno...
Foto: Gabriel de Paiva - O Globo
E quela velha sensação "o que se pode fazer?", as vezes nada, as vezes nunca sei, as vezes só ouvir um tango argentino. Legal teu blog, moço :)
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