Algumas coisas me levam ao êxtase... sábado à noite, recebi várias ligações, muitas possibilidades de diversão e estou em casa. Tudo bem que minha cerveja e meu cigarro estão do meu lado, tudo bem que estou ouvindo uma música que me agrada, tudo bem que meus amigos estão por aqui, e está tudo muito divertido... affe, meus amigos não estão por aqui, e minha diversão é escrever no blog.
Estou pensando em todas as meninas da minha lista telefônica, mas não tenho créditos, estava pensando em ir pra algum boteco ruim, solitário, mas to sem grana... é, realmente é difícil ter amigos enquanto se está sem grana...
Me bate então aquela esperança insólida de que alguém derrepente me toque a campainha, e quando eu for atender seja aquela vizinha gostosa por quem sempre tive desejos.. quem não tem uma vizinha gostosa? Pois é, me pego estúpido, pois não tenho vizinha gostosa, nenhuma que possa bater a minha porta querendo ter uma noite quente, nenhuma que me faça subir pelas paredes.. nem mesmo uma coroa viúva, dessas que conserva uma teia de aranha há mais de um ano, e que me dê um chá! uma canseira daquelas que me mostraria que estive trepando com as meninas erradas...
Paulinho Moska me perguntando "meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia?"... e eu respondendo, "eu iria morrer aqui sozinho com meu copo de cerveja, escrevendo palavras que ninguém vai ler"...
Sentado cá em minha cadeira de couro, modesta e rasgando-se em trapos, observando minha estante de livros velhos e novos, que de tão pouco lidos misturam no ar o cheiro de novo com o pó que se acumula sobre eles... penso, quão grande a diferença de uma noite pra outra... ontem em dança e com amigos por toda parte, me acabando em cerveja e vendo o mundo girar no céu estrelado, hoje aqui, vendo o teto do apartamento que de branco já não tem nada, e as marcas do passado nas paredes, um resto de mim que ainda se preserva nas fotografias e cartazes, um pouco de mim que se resume em giz de escola em circunferências descricas com compasso em torno do prego que não pindura nada....
A solidão é assim, me apego em coisas que não existem, me apego a coisas que sempre aqui estão e nunca noto, a solidão me faz lembrar dos dias calorosos debaixo de lençóis outros que não os meus... me faz desejar presenças que na real.. nunca tive... e vivem em minha mente.
Não é depressão, não é desanimo as vezes querer ficar só com as lembranças...Depois de ler todo o texto eu diria: Você cresceu!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirUm forte abraço
Íris Pereira.